Traduzido do artigo “Blechschmidt: an Embryology Suited to Ostheopathy”, publicado na revista “Sutherland Cranial College Magazine” (nº 32 de Outono de 2010) da autoria do Dr. James Jealous.
Eu escolhi dar o nome Biodinâmica a um novo currículo de Osteopatia porque era claro para mim que o Dr. Sutherland e outros embriologistas como Blechschmidt, Gasser, De Haan e Freeman tinham muito em comum.
A história começa em 1966 com meu primeiro curso sobre a obra de Sutherland. Como qualquer pessoa com formação universitária, fiquei intrigado, mas cético quanto à Osteopatia Craniana. Em 1970, eu me formei em Kirksville depois de completar uma bolsa de estudos de Anatomia, fiz um estágio, e fiz prática rural como médico de família. Fiz rondas hospitalares, partos, muitas visitas domiciliares, e estava de plantão na maior parte do tempo. Como qualquer americano faz, eu poderia prescrever medicamentos, mas em sua maioria meus cuidados eram baseados na Osteopatia, utilizando a técnica funcional, a nutrição e longas conversas para apurar a Causa como principais ferramentas da prática.
Abraçando o ceticismo, me propus verificar se o livro de Magoun [N.T.: Referência ao Dr. Harold I. Magoun, autor do livro “Osteopathy in the Cranial Field” [Osteopatia na Área Craniana], editado pela primeira vez em 1951, em Kirksville] fazia sentido. Eu escutei o crânio em busca de Respiração Primária e movimentos involuntários dos tecidos. O trabalho craniano funcional (indireto) provou ser muito útil para meus pacientes, mas eu não entendia por que era tão poderoso. Eu continuei minha pesquisa como um modesto cético e eu era constantemente envolvido na orientação de alunos em meu escritório, alguns dos quais se oferecendo para me ajudar. Partimos para dissecar o sistema dural e obter alguns bons slides de Anatomia, apenas para descobrir que as dissecações desafiavam o modelo das três foices. Descobrimos que havia duas tendas e um saco dural que funcionam como uma peça única. Além disso, em recém-nascidos, havia um espaço epidural, então a ideia de ligamentos no crânio movimentando os ossos tinha de ser reconsiderada.
Consequentemente, eu comecei a pesquisar o crescimento e o desenvolvimento do sistema dural, e ao fazê-lo, estudei o Simpósio de 1978 sobre o Desenvolvimento do Basicrânio do NIH [Instituto Nacional de Saúde, EUA]. Estes estudos continham descrições de campos metabólicos que se comportavam exatamente como as descrições de Dinâmica dos Fluidos de Sutherland. Reli Sutherland palavra por palavra, e comecei a ler os estudos do Dr. Erich Blechschmidt. Após cinco anos lendo pilhas de artigos e livros, percebi que Blechschmidt e Sutherland estavam falando do mesmo fluido. Comecei então a explorar a premissa de que as forças embriológicas de crescimento e desenvolvimento estão presentes ao longo da vida como processos metabólicos de cura e sustentação. Esta premissa é o alicerce da Biodinâmica.
Quando a apliquei em tratamentos, os resultados clínicos foram muito parecidos com o que Sutherland disse – “misteriosos”. A minha prática estava transbordando com curas inesperadas. Os alunos me pressionaram por explicações e apoiaram o projeto com dissecações e estudo, muitas vezes trazendo artigos que aguçavam nosso entendimento.
Compreender Anatomia como movimentos metabólicos mudou a minha percepção. A Anatomia é estática ou dinâmica? Como que a resposta se encaixa em um modelo de cura e de reposicionamento? Reli a descrição do Dr. Still de “o que é Anatomia” em sua Filosofia da Osteopatia, páginas 16-19. Lá estava de novo, a mesma premissa. No seu caso, ele viu-a diretamente; eu estava escalando uma colina íngreme em direção a suas palavras e com pouca experiência.
Na prática, continuamos provando nossa premissa de que as forças embriológicas persistiam durante toda a vida, e médicos mais jovens que trabalharam conosco recolhiam os mesmos resultados notáveis em sua prática geral.
Pelo meio, alguns osteopatas britânicos se uniram a nós, e nós formamos um grupo de estudo transatlântico que floresceu com mútuo respeito e amor. A amizade de companheiros de viagem entrando em um oceano desconhecido e não antes navegado acelerou o ritmo. O ensinamento começou a tomar forma, juntamente com a percepção de que não poderíamos condensar 20 anos de pesquisa e prática em 25 horas.
Os cursos de Biodinâmica começaram informalmente em 1990, como pedaços, e formalmente em 1993. Os cursos estão cheios de profissionais interessados até hoje. Não houve qualquer promoção destes cursos. Aqueles que querem saber vêm. É assim que a profissão tem crescido; mentores, alunos, amigos profissionais e pesquisa que flui para a prática. A prova está nos atendimentos, onde pacientes com todos os tipos de doença são seriamente ajudados. Embriologistas não sentem sistemas vivos. Sutherland sentiu. Há, sem dúvida alguma, mais para aprender sobre dinâmica dos fluidos a partir de Osteopatia clínica aplicada do que da embriologia. Digo isso não para criar conflito, mas para salientar que nossas mãos estão escutando um sistema que cria funções vivas e as sustém. Estamos ouvindo a Natureza trabalhando. Nós não entendemos como, mas podemos aprender a comunicar e cooperar com expressões metabólicas que com o tempo se tornam tão familiares como qualquer paisagem natural. As forças terapêuticas interiores que o Dr. Still bem conhecia estavam ganhando vida.
Como clínicos, nosso interesse está na embriologia em movimento, sua sabedoria fisiológica.